terça-feira, 26 de abril de 2016

Memória & Vida | Coletivo contra atitudes machistas


Coletivo Zaha das Faculdades de Arquitetura e Urbanismo, e de Design do Mackenzie.     
Imagem: https://www.facebook.com/coletivozaha
Estamos em 2016, certo? Certo.
Terceiro milênio, certo? Certo.
As mulheres começaram a votar na década de 1930, certo?  Certo.
Estes são tempos de velocidade de informação e de tecnologia de ponta, certo? Certo.
Moral e ética deveriam acompanhar essa evolução tecnológica, certo? Certíssimo. 
Atitudes machistas caíram em desuso e mulheres e outras minorias são respeitadas, certo? Errado. Erradíssimo. 
Tais atitudes deveriam estar fora de moda há muito, mas muito tempo mesmo. Infelizmente, estão se fazendo cada vez mais presentes nos tempos que correm. Tristes tempos, tristes trópicos, como disse Claude Lévy-Strauss.  
A cada dia fico mais perplexa com o que vejo e, mais ainda, nos locais e ambientes em que isso acontece. O último lugar a me deixar pasma mesmo, de queixo caído (aliás, se as coisas continuarem como estão, daqui a alguns dias não mais conseguirei fechar minha boca), foi a Faculdade de Arquitetura do Mackenzie, em São Paulo. 
Como mulher, como arquiteta e como mãe, fiquei absolutamente envergonhada, enojada e indignada (mais ainda, porque já ando meio cabisbaixa com alguns descaminhos e situações do país)... com comentários machistas feitos por alguns professores às alunas daquela faculdade.  
Não consigo deixar de deplorar a atitude daqueles professores que maculam esta classe de profissionais indispensáveis à nossa formação, à nossa vida. Respeito é o mínimo que se espera de alguém cujo papel é nos orientar, nos supervisionar nos trabalhos acadêmicos e, por que não, servir de modelo. Conheço vários professores e professoras maravilhosas, que, efetivamente, servem de modelo. Eles e elas sabem que o são. 
Como reação a esses comentários, surgiu o Coletivo Zaha (veja o motivo da escolha do nome aqui, em homenagem à arquiteta, designer, artista e mulher Zaha Hadid).  O grupo  reuniu as declarações machistas e espalhou cartazes com essas frases pelo prédio da universidade, com a hashtag #esseémeu professor

Surreal, certo? Tristes tempos estes nossos.  
A coragem dessas jovens mulheres honra outras que, em todos os tempos, lutaram e lutam pelos direitos de todas as mulheres; oxalá o grupo empreste sua coragem a outras ações afirmativas dos direitos das minorias; oxalá suas ações sejam imitados por todo o Brasil.
Parabéns, garotas, pela iniciativa e pela garra. Que seu ânimo de lutar pela justiça e pela verdade não esmoreça...Tenho o maior orgulho de ser arquiteta e estar do seu lado do muro...    

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